Comentários e reflexões sobre política internacional, modelos de atuação política e retórica da propaganda política
11.5.12
dirigismo cultural agrava-se
"A liberdade de criação dos artistas
não se faz por decreto. Não se compreende,
por isso, por que razão os
cachets dos artistas, a partir de agora,
só podem ser pagos aqueles que estão
inscritos na UNACA. Não faz sentido e a direcção desta
associação, que deveria ter outras preocupações para
os dignificar, deveria perceber que essa é uma aberração.
E, os compositores também terão se inscrever
na sua lista de filiados? Desde quando é que o valor
das obras dos artistas e dos compositores para serem
reconhecidas pelo público têm de ser caucionadas por
uma entidade amorfa, que vive do peditório nacional
para se manter de pé? O antigo Presidente da Endiama,
Arnaldo Ca lado tem de olhar para os artistas
e composições doutra forma e desempoeirar a UNACA
desta inaceitável sobranceria burocrática."
Tem toda a razão, o Novo jornal desta semana!
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
6.5.12
O Prémio outra vez?
Ó Sr.ª Ministra, o prémio outra vez? É melhor não falar nisso. Então a estória que nos conta agora não contou naquela altura porquê? Porque os membros do júri que não compareceram à segunda reunião ainda não tinham assinado a Ata de limpeza?
Voltámos ao estalinismo cultural.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
12.4.12
rescova picices
«Não posso reagir, porque ainda não existe um partido político com o nome de CASA, e não tenho por hábito falar de questões que oficialmente não existem» (Semanário angolense, 7-4-2012, p. 15)
É de homem, sim senhor! Que, porém, não é político, portanto não devia chefiar uma organização partidária, porque não se compreende nem se aceita que um líder político ignore um facto político - tanto mais que é um facto politicamente importante.
Não dar por essa importância, não reparar na necessidade política de reagir, e reduzir-se apenas às questões que existam "oficialmente" é mostrar a inadequação da pessoa em causa ao cargo que ocupa.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
6.4.12
Mali tudo resolvido
Talvez a crise do Mali esteja resolvida. As decisões parecem ter sido tomadas ao mais alto nível: os islamitas radicais perdem fulgor e a população não gostou da imposição da sharia ou charia. O MNLA moderou-se, declarou cessar-fogo unilateral e os canais de televisão internacionais transmitem agora declarações dos seus porta-vozes e trazem-nos aos noticiários, indo alguns de gravata já. A junta está cada vez mais isolada e como o seu único alibi - a revolta no Norte - está ultrapassado vai cair mais depressa, não sendo necessário fazer uma intervenção militar para obrigá-los a deixar o poder.
Respiramos de alívio e ainda bem que é Páscoa.
Uma pergunta só, relativa ao que há de mais estimulante nisto: como vão povos e elites que se reclamam nómadas do deserto construir um Estado, que é a instituição mais sedentária que existe? É um desafio que, se calhar, também vai desaparecer: provavelmente fazem mesmo um Estado, daqueles impossíveis, paupérrimos, mas em que o dinheiro chega para as gravatas e as viagens da elite para fora do país. E há perigos então: traficantes com carta branca (incluindo latino-americanos), Estados chavistas com uma lança em África (que financiavam livros e mais propaganda a favor do MNLA e de poetas touaregs desde que falassem mal da França e dos EUA), refúgio para os líbios órfãos, etc. Com algum restinho de dinheiro líbio a ajudar e não só, que nisso de Estados nómades o Coronel berbere tinha a sua experiência - ou, pelo menos, aparência...
Respiramos de alívio e ainda bem que é Páscoa.
Uma pergunta só, relativa ao que há de mais estimulante nisto: como vão povos e elites que se reclamam nómadas do deserto construir um Estado, que é a instituição mais sedentária que existe? É um desafio que, se calhar, também vai desaparecer: provavelmente fazem mesmo um Estado, daqueles impossíveis, paupérrimos, mas em que o dinheiro chega para as gravatas e as viagens da elite para fora do país. E há perigos então: traficantes com carta branca (incluindo latino-americanos), Estados chavistas com uma lança em África (que financiavam livros e mais propaganda a favor do MNLA e de poetas touaregs desde que falassem mal da França e dos EUA), refúgio para os líbios órfãos, etc. Com algum restinho de dinheiro líbio a ajudar e não só, que nisso de Estados nómades o Coronel berbere tinha a sua experiência - ou, pelo menos, aparência...
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
26.3.12
senegal e mali
É de assinalar a diferença entre o Senegal e o Mali, dois países que se chegaram a pensar juntos dentro de uma grande federação - projecto que a realidade mostrou ser pouco ... realista: foi criada em 1959 (com Senghor como Presidente da Assembleia) e logo nesse ano sofreu a separação de dois dos países fundadores: Daomé
(Benin) e Alto Volta (Burkina Faso).
Ainda bem para o Senegal. Apesar da sua deriva autoritária, Abdulaye Wade reconheceu a derrota nas eleições de Domingo e felicitou o candidato vitorioso. O Senegal, mal governado nos últimos tempos e com uma economia doente, deu uma lição de democracia a África e ao mundo.
Já no Mali prolongam-se velhos males. Um presidente quer mandar soldados combater sem lhes dar condições de vitória. Os soldados revoltam-se mas, em vez de exigirem condições para combater, tomam o poder, anulam literalmente todas as instituições e a Constituição, sem nenhum projecto político, sem nenhuma estratégia para o país. Resultado: continuam sem condições para combater os rebeldes no Norte e também não têm condições para manter o poder. Mais uns anos de atraso num péssimo país para viver.
E, já agora, vai sendo tempo de pensar nos berberes e nos touaregues. São povos original e tendencialmente nómadas. Os povos sedentários fixaram territórios, posses e fronteiras. Os nómadas ficaram assim sem terra, porque deixaram de poder transitar como faziam. Acabaram reduzindo ao longo deserto que ninguém mais queria. Mas mesmo aí foram colocadas fronteiras e posses. A pátria dos nómadas é o vento e o caminho. Se lhes fecham os caminhos e lhes dão ar condicionado, em desespero de causa eles só podem pegar nas armas.
Ainda bem para o Senegal. Apesar da sua deriva autoritária, Abdulaye Wade reconheceu a derrota nas eleições de Domingo e felicitou o candidato vitorioso. O Senegal, mal governado nos últimos tempos e com uma economia doente, deu uma lição de democracia a África e ao mundo.
Já no Mali prolongam-se velhos males. Um presidente quer mandar soldados combater sem lhes dar condições de vitória. Os soldados revoltam-se mas, em vez de exigirem condições para combater, tomam o poder, anulam literalmente todas as instituições e a Constituição, sem nenhum projecto político, sem nenhuma estratégia para o país. Resultado: continuam sem condições para combater os rebeldes no Norte e também não têm condições para manter o poder. Mais uns anos de atraso num péssimo país para viver.
E, já agora, vai sendo tempo de pensar nos berberes e nos touaregues. São povos original e tendencialmente nómadas. Os povos sedentários fixaram territórios, posses e fronteiras. Os nómadas ficaram assim sem terra, porque deixaram de poder transitar como faziam. Acabaram reduzindo ao longo deserto que ninguém mais queria. Mas mesmo aí foram colocadas fronteiras e posses. A pátria dos nómadas é o vento e o caminho. Se lhes fecham os caminhos e lhes dão ar condicionado, em desespero de causa eles só podem pegar nas armas.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
tpa brilha no escuro
Quando os canais de informação do mundo inteiro noticiavam que o próprio Wade, no Senegal, tinha reconhecido a sua derrota nas presidenciais, a TPA informava-nos que a campanha tinha sido tensa, que o candidato da oposição reunia muito consenso à sua volta e isso podia tornar difícil a reeleição de Wade. Mais nada.
Afinal, para que serve o noticiário internacional da TPA?
Afinal, para que serve o noticiário internacional da TPA?
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
19.3.12
digno
... e um exemplo de espírito democrático o artigo escrito por Sousa Jamba sobre a 'dissidência' inteligente de Chivukuvuku e a criação da CASA. Um artigo que mostra, pelo seu fairplay (pela sua sabedoria também) como num país democrático não precisamos de organizar grupos de agressão.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
Subscrever:
Mensagens (Atom)