28.10.16

África do Sul vai abandonar Tribunal Penal Internacional


África do Sul vai abandonar Tribunal Penal Internacional - PÚBLICO: "A recusa sul-africana em deter Bashir foi já alvo de uma queixa apresentada nos tribunais sul-africanos. Em Março, a instância superior de recurso considerou a recusa “ilegal” e acusou o Governo sul-africano de ter adoptado uma “conduta escandalosa”. O processo seguiu para o Tribunal Constitucional, que se deveria pronunciar no próximo mês, mas o caso pode ficar agora em suspenso."



A África do Sul sai muito bem acompanhada: Nkurunziza, que pôs o Burundi a ferro e fogo para impor um terceiro mandato; por causa do ditador sudanês, que tem atrás de si sérias e comprovadas acusações de genocídio; a Gâmbia também, que é um exemplo de cleptocracia centrada numa só pessoa, que recorre ao islamismo para esconder os seus podres poderes: os do roubo. 


Realmente, já depois de ter sido apertado pela justiça do seu país, Jacob Zuma, corrupto como é e tendencialmente autoritário, tem que sair depressa de um sistema jurídico internacional dominado por países democráticos. Dominado por países democráticos e sem nenhum racismo, pois se o houvesse não teriam julgado sérvios, por exemplo. A oposição interna já o criticou e a passagem da notícia que citei explica melhor ainda a atitude face ao TPI. 


No entanto há cegos para tudo, há quem aplauda isto em nome da inquestionável autenticité africaine que, por sua vez e tirando Senghor, escamoteou os crimes de muitos outros ditadores. Não vamos muito longe, basta lembrarmo-nos de Mobutu, que aliás Senghor saudava como o grande Leopardo... 




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1.10.16

The rise of American authoritarianism - Vox



Na sequência do comentário anterior, articulado ao propósito do artigo ali citado, vem este sobre o 'personalista' Trump - um tipo de candidato que antes se apresentava pessoalmente, fora do sistema bipartidário dos EUA, mas que, desta vez, tomou de assalto um dos Partidos do sistema:



The rise of American authoritarianism - Vox:



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Os novos ditadores



Terminada a vigência das ideologias, tão perigosa quanto a dos fanatismos religiosos, para os novos ditadores se aplica, no artigo abaixo indicado, uma nomenclatura nova: personalistas. 



Acho o termo infeliz, na medida em que desvirtua uma filosofia nobre, filosofia política e não só, a do personalismo cristão. 



Mas é um facto que, esvaziados de ideologias e não querendo submeter-se a regras coletivas (afastando-se, por esse motivo, do controlo dos fundamentalistas), os novos ditadores acabam concentrando sobre o seu próprio sucesso no controlo e esmagamento das sociedades civis a única justificação dos seus regimes: eles são liderados por homens fortes e competentes que protegem a nação. 



Outro tópico, praticamente não explorado aqui, é o do nacionalismo. Todos eles recorrem ao orgulho nacional, que procuram colar à sua imagem de chefes, para legitimar ambições pessoais e galvanizar populações em torno do autoritarismo. 



O artigo é, de resto, sugestivo e o que se propõe faz todo o sentido, mesmo que a proposta venha de uma perspetiva específica, a dos interesses dos EUA. É realmente necessário estudar o fenómeno, que se torna hoje na maior ameaça à paz mundial e à liberdade política. Estudá-lo, pressupõe-se pela base do próprio texto, comparativamente, sem cair no particularismo dos 'africanos', dos 'asiáticos', da 'cultura política chinesa', do 'autoritarismo russo', etc.



Sugiro, portanto, esta leitura, que é rápida:





The New Dictators | Foreign Affairs:



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