9.4.21

Pensamento político: sistematização sem grelha


Cada vez menos o passado nos assegura a previsão do futuro. 

Como, então, vamos planificar o futuro, organizar o pensamento projetivo, se as constantes abstraídas do passado não servem? 

Só podemos imaginar um futuro próximo, muito próximo, e baseados, não no passado, mas no contraste entre as constantes do passado e as dos dias atuais em vários quadrantes. 

Isto me leva a manter a suspeição política sobre soluções condicionadas a um passado mítico ou modelar e a previsões de longo prazo, ou mesmo de médio e curto prazo como os planos quinquenais (e daí para mais longe nem pensar). 

Isto me leva a manter a suspeição política sobre os nativismos e os identitarismos, tanto quanto sobre os socialismos e racionalismos. 

Há, no entanto, uma constante na maioria das tradições que nos pode ser útil. Elas funcionam a partir de princípios gerais pré-estabelecidos (em princípio deduzidos de um texto sagrado ou - mais provável - a partir da memória de muita experiência acumulada). Não determinam regras muito pormenorizadas, porque isso as desmentiria em pouco tempo. Os princípios muito gerais adaptam-se aos eventos atuais e, se necessário, são modificados em contraste com os eventos. 

A aplicação deste 'método', sem dúvida empírico, pode parecer próxima do reformismo ou do conservadorismo. Ela é, porém, próxima de todo o pensamento político não-ideológico, sem sistematização prévia nem projeção rígida, rigorosa, estritamente lógica. 

Por tanto, ela será sempre anterior e posterior aos vários -ismos que dela possam decorrer: liberalismo, anarquismo, conservadorismo, reformismo, pessimismo, etc..