É de assinalar a diferença entre o Senegal e o Mali, dois países que se chegaram a pensar juntos dentro de uma grande federação - projecto que a realidade mostrou ser pouco ... realista: foi criada em 1959 (com Senghor como Presidente da Assembleia) e logo nesse ano sofreu a separação de dois dos países fundadores: Daomé
(Benin) e Alto Volta (Burkina Faso).
Ainda bem para o Senegal. Apesar da sua deriva autoritária, Abdulaye Wade reconheceu a derrota nas eleições de Domingo e felicitou o candidato vitorioso. O Senegal, mal governado nos últimos tempos e com uma economia doente, deu uma lição de democracia a África e ao mundo.
Já no Mali prolongam-se velhos males. Um presidente quer mandar soldados combater sem lhes dar condições de vitória. Os soldados revoltam-se mas, em vez de exigirem condições para combater, tomam o poder, anulam literalmente todas as instituições e a Constituição, sem nenhum projecto político, sem nenhuma estratégia para o país. Resultado: continuam sem condições para combater os rebeldes no Norte e também não têm condições para manter o poder. Mais uns anos de atraso num péssimo país para viver.
E, já agora, vai sendo tempo de pensar nos berberes e nos touaregues. São povos original e tendencialmente nómadas. Os povos sedentários fixaram territórios, posses e fronteiras. Os nómadas ficaram assim sem terra, porque deixaram de poder transitar como faziam. Acabaram reduzindo ao longo deserto que ninguém mais queria. Mas mesmo aí foram colocadas fronteiras e posses. A pátria dos nómadas é o vento e o caminho. Se lhes fecham os caminhos e lhes dão ar condicionado, em desespero de causa eles só podem pegar nas armas.
Comentários e reflexões sobre política internacional, modelos de atuação política e retórica da propaganda política
26.3.12
senegal e mali
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
tpa brilha no escuro
Quando os canais de informação do mundo inteiro noticiavam que o próprio Wade, no Senegal, tinha reconhecido a sua derrota nas presidenciais, a TPA informava-nos que a campanha tinha sido tensa, que o candidato da oposição reunia muito consenso à sua volta e isso podia tornar difícil a reeleição de Wade. Mais nada.
Afinal, para que serve o noticiário internacional da TPA?
Afinal, para que serve o noticiário internacional da TPA?
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
19.3.12
digno
... e um exemplo de espírito democrático o artigo escrito por Sousa Jamba sobre a 'dissidência' inteligente de Chivukuvuku e a criação da CASA. Um artigo que mostra, pelo seu fairplay (pela sua sabedoria também) como num país democrático não precisamos de organizar grupos de agressão.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
17.3.12
democracias lusófonas
Retransmito:
Cabo Verde é, ao mesmo tempo, dos países africanos que mais consistentemente vem melhorando o desempenho económico, desenvolvendo o equilíbrio social e nas contas públicas e o controlo da corrupção.
Mais uma vez se verifica esta associação entre índice de desenvolvimento democrático e os outros índices económicos e sociais.
Cabo Verde passa Portugal no índice do Economist Intelligencepor Lusa
Cabo Verde é o país lusófono mais democrático, tendo ultrapassado Portugal no último ano, revela o Índice da Democracia 2011,do Economist Intelligence Unit, que coloca Angola e Guiné-Bissau entre os piores.
O índice, realizado pelo serviço de investigação da revista "The Economist", vai na quarta edição e avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, colocando-os em quatro categorias: democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários.
Segundo o relatório, Cabo Verde é o 26.º país mais democrático e o primeiro na categoria das democracias com falhas, sendo seguido de Portugal.
Os dois países trocaram de posição, já que em 2010 Portugal era o 26.º e Cabo Verde o 27.º.
Num total de 10 pontos possíveis, Cabo Verde obtém 7,92 (menos duas décimas do que em 2010), o que resulta de uma avaliação baseada em cinco critérios:
processo eleitoral e pluralismo (9,17 pontos), funcionamento do governo (7,86), participação política (7,22), cultura política (6,25) e liberdades civis (9,12).
Cabo Verde é referido como um dos seis países da região da África subsaariana onde as eleições são consideradas livres e justas, juntamente com o Botswana, o Gana, as Maurícias, a África do Sul e a Zâmbia.
Entre as democracias com falhas surgem ainda Timor-Leste, que se manteve no 42.º lugar, e o Brasil, que desceu da 47.ª para a 45.ª posição, ex-eaquo com a Polónia.
Timor-Leste teve uma classificação global de 7,22 (igual a 2010), com 8,67 no processo eleitoral e pluralismo, 6,79 no funcionamento do governo, 5,56 na participação política, 6,88 na cultura política e 8,24 nas liberdades civis.
Já o Brasil teve 7,12 (igual a 2010) de classificação geral, com 9,58 no processo eleitoral, 7,50 no funcionamento do governo, 5,00 na participação política, 4,38 na cultura política e 9,12 nas liberdades civis.
Moçambique, que desceu do 99.º para o 100.º lugar em 2011, é o único país lusófono entre os regimes híbridos e obteve um total de 4,90 pontos (igual a 2010), distribuídos entre o processo eleitoral (4,83), funcionamento do governo (4,64), participação política (5,56), cultura política (5,63) e liberdades civis (3,82).
Entre os países classificados como sendo regimes autoritários surgem Angola, que desceu do 131.º para o 133.º lugar, e a Guiné-Bissau, que se manteve no 157.º.
O processo eleitoral e pluralismo angolanos obtiveram 1,33 pontos, o funcionamento do governo 3,21, a participação política 4,44, a cultura política 4,38 e as libertades civis 3,24, o que resulta numa classificação global de 3,32, igual à do ano passado.
Angola é ainda um dos 40 países que registaram uma deterioração da liberdade de imprensa, revela o relatório.
Com um total de 1,99 pontos (igual a 2010), a Guiné-Bissau recebeu uma classificação de 2,08 no processo eleitoral, 0.00 no funcionamento do governo, 2,78 na participação política, 1,88 na cultura política e 3,24 nas liberdades civis.
O Índice da Democracia não refere São Tomé e Príncipe.
Cabo Verde é, ao mesmo tempo, dos países africanos que mais consistentemente vem melhorando o desempenho económico, desenvolvendo o equilíbrio social e nas contas públicas e o controlo da corrupção.
Mais uma vez se verifica esta associação entre índice de desenvolvimento democrático e os outros índices económicos e sociais.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
16.3.12
'os americanos' outra vez malucos...
Mais uma 'maldade' feita por um soldado 'americano' no Oriente islâmico. É mais ou menos assim que os acontecimentos são apresentados, incentivando a manipulação ideológica anti-'americana'.
Claro que essa manipulação é normal, politicamente, no contexto que se vive por exemplo no Afeganistão e no mundo que o perturba. Mas é claro também que ninguém nos EUA tem interesse em que os soldados dos EUA pratiquem atos perversos e tresloucados seja onde for. A notícia desses atos evoca-me outras idênticas mas passadas dentro dos EUA, particularmente aqueles casos de cidadãos que são acometidos de qualquer impulso anormal e disparam sobre pessoas indefesas.
É por aí que busco uma explicação: os 'americanos' estão doentes e o treino militar não é já suficiente para tratar o mal dos 'americanos': a mente pública perturbada, que se manifesta livremente há várias décadas no cinema por exemplo.
Não há solução que passe pela repressão; proibir as pessoas de ver os filmes, ou realizadores de fazê-los, é uma patetice - como já várias vezes a história do mundo mostrou. Sabiamente os vários governos dos Estados Unidos não têm seguido por aí - ao contrário, por exemplo, da conhecida receita taliban.
Não há solução que passe pela repressão; proibir as pessoas de ver os filmes, ou realizadores de fazê-los, é uma patetice - como já várias vezes a história do mundo mostrou. Sabiamente os vários governos dos Estados Unidos não têm seguido por aí - ao contrário, por exemplo, da conhecida receita taliban.
Não sei qual é a solução mas, de facto, os EUA, se querem continuar as intervenções internacionais de acordo com a ONU, têm que escolher com muito mais rigor os seus soldados e apostar em unidades menos numerosas (mais eficazes também).
O que implica não entrarem, se calhar, em tantos países. De nada serve um polícia estafado...
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
13.3.12
paz, segurança e democracia
Porumtanto camaradas é paz, segurança e democracia. Significa dizer que se discordas do governo levas mas é já porrada. Eu próprio não disse isto. Ponto final.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
11.3.12
apoios reais e demagogia
O governo decidiu dar apoios para pequenos negócios e pequenas empresas, por exemplo através da facilitação e gratuidade da constituição das empresas, do juro bonificado (2%) a 5 anos, da criação de unidades técnicas para apoio na burocracia da constituição das empresas, etc.
O programa de apoio anunciado pelo PR, a concretizar-se, merece sem dúvida o aplauso da própria oposição.
Já o mesmo não me parece do que habitualmente é muito elogiado: o programa de casas para todos. É um resquício de socialismo que traz todos os seus vícios: na prática, as casas vão ser distribuídas sob orientação de redes clientelares e o povo, na verdade, não precisa de casa. As pessoas fazem as suas casas mesmo na candonga. O que precisam é de terrenos e de infraestruturas. Se o governo, em vez de construir casas, legalizar a maioria dos terrenos ocupados e com casas contruídas (os que tenham condições de habitação), pode gastar o dinheiro da construção de casas a criar ruas, nem que seja de terra bem batida; a criar redes de abastecimento de água mais completas (não é uma torneira para milhares de pessoas); a criar redes de distribuição de energia elétrica; redes de esgotos e escoamento de águas pluviais. E, também, a fazer isso tudo funcionar (água, luz, esgotos, ruas).
Um governo que não garante aos seus cidadãos água e luz e esgotos, faz sentido que vá gastar milhões a fazer casas para entregar a pessoas que as fazem sozinhas? Não. Nem estimula o desenvolvimento. O que estimula o desenvolvimento são programas como esse anunciado pelo PR: ajudar as pessoas a criarem a sua própria riqueza.
Anotações quase diárias e, sobretudo, aleatórias: a ordem meramente e só da sequência dos dias.
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