9.2.12

Síria: guerra só de palavras?

O cartoonista do Jornal de Angola, sem dúvida pessoa talentosa, diz que a guerra na Síria é "por enquanto só de palavras" (v. cartoon de hoje). 


Ó Casimiro Pedro, só de palavras? As palavras matam daquela maneira? Bombas, incêndios, tiros, tanques, obuses, um número chocante de mortos e feridos e o meu amigo acha que tudo não passa de uma guerra de palavras? Ó amigo, veja pelo menos a Al Jazeera!

Guiné Equatorial na CPLP?

O que desejam os que denunciam a ditadura corrupta de Obiang Nguema não é que a Guiné Equatorial não entre na CPLP, é que o ditador saia do poder ou, pelo menos, que haja inteira liberdade ali - se é que isso é possível com um homem que há tanto tempo insiste numa política autoritária. 


Convém que a CPLP faça uma discussão frontal acerca deste assunto e obrigue os representantes da Guiné Equatorial a concordarem com o propósito lusófono (pelo menos aparente) de caminhar no sentido da liberdade, da democracia, da convivência saudável entre opiniões divergentes. 


As declarações de Georges Chicoti recentemente em Lisboa foram felizes e infelizes ao mesmo tempo. 


Por um lado é certo que a entrada da Guiné Equatorial pode "permitir uma evolução significativa" naquele país. Nesse sentido, aliás, as "reticências portuguesas" podem estar a dissipar-se se a Guiné Equatorial aceitar que a sua entrada na CPLP implica o engajamento "na construção dos valores democráticos". 


São já menos felizes declarações que lembram que outros países lusófonos não foram democráticos. Porque um erro, mesmo quando estratégico, não é por ter acontecido que se deseja ou deixa de ser erro. Se não foram boas as ditaduras que em certa altura Chicoti combateu também não é boa a ditadura na Guiné Equatorial. 


Alternativamente, a Guiné Equatorial e os países mais empenhados na sua integração devem, não só chamar a atenção (como fez o Ministro angolano) para o isolamento da Guiné Equatorial, mas sobretudo chamar a atenção para o que nos aproxima enquanto povos. Por dois lados essa 'comunidade' se estabelece: o lusófono (que, portanto, vem mesmo a calhar para uma CPLP, visto que há uma longa e estruturante memória da língua portuguesa e do seu convivente perfil tropical) e o bantófono, que aproxima essa Guiné de países como Angola, Moçambique e São Tomé.


A nossa maneira - lusófona e africana - de ser é, portanto, bem próxima da dos equato-guineenses e é revelando, por exemplo, o seu folclore que tomamos consciência disso, não falando em interesses empresariais ou defendendo que já houve ditaduras lusófonas antes. 

Angola: oposição democrática procura-se

Para haver democracia é preciso que os partidos políticos assegurem o ambiente democrático. Na verdade, para pouco mais servem se um governante souber absorver uma equipa nacional e consensual. 


Para isso é necessário que os partidos políticos cultivem, por dentro, o exercício da democracia. 


O que temos visto, ultimamente, é o contrário. Ainda ontem, quando a ala Lucas Ngonda, da FNLA, foi procurar uma casa para arrendar num bairro de Mbanza Congo (o 4 de Fevereiro!) onde a ala oposta é maioritária, a expedição resultou numa grande pancadaria. 


O caso é mais sério do que tem parecido aos jornalistas. É um indicativo de que as massas que apoiam Ngola Kabangu (e provavelmente as que apoiam os outros líderes), as próprias massas estão dominadas por sentimentos, convicções, ambições e práticas anti-democráticas. Portanto, não é dali que virão exemplos de democracia que nos mostrem uma alternativa séria ao MPLA. 


Dentro da UNITA, com um pouco mais de charme, Samakuva e os seus mais próximos andam sobre as mesmas águas. A pouco e pouco vão-se afastando as opiniões divergentes e é estranho que esse comportamento comum se generalize a várias tendências internas sem que haja um motivo interno para tal. De maneira que a própria UNITA vem perdendo o prestígio democrático anterior, quando fez Congressos a sério, com oposição propriamente dita e em ambiente de inteiro à-vontade. 


Uma coisa podemos concluir: é que, de facto, os partidos históricos de Angola não constituem alternativa entre si, nem alternativa ao MPLA. Cada vez menos uma verdadeira oposição passa por eles. A saúde da democracia angolana passa, portanto, por encontrar alternativas aos velhos partidos. E esse processo é preferível que seja lento para ser calmo e sólido. 

3.2.12

o que faz a CPLP para a divulgação da língua portuguesa?

Pergunta oportuna de José Milhazes no seu interessante blogue: http://darussia.blogspot.com/ - onde podemos ver as declarações de Putin sobre a segunda volta traduzidas com maior isenção do que nos noticiários das principais cadeias televisivas do ramo. 

4.1.12

Ensino Superior mau: público e privado

Segundo o Jornal de Angola de hoje, a Ministra do Ensino Superior mostra-se preocupada com o fraco nível de muitas licenciaturas e instituições de ensino superior privado. 


Não deixa de ter razão. Mas, para não perder autoridade moral, devia começar por arrumar a casa e fechar cursos e instituições públicas que, repetida e comprovadamente, prestam um péssimo serviço, não formando quadros com um mínimo de qualidade e eficiência no serviço. É só ela pedir aos empresários que indiquem as instituições públicas de ensino superior que eles na prática não reconhecem como formando quadros válidos. 

26.12.11

no tempo das barricadas...

O embaixador Marcos Barrica disse, em entrevista ao JA, que 


"em Portugal há ‘lobbies’ que passam “informação intencionalmente negativa” sobre Angola."

Pensámos que o tempo deste tipo de afirmações tinha expirado. Num jogo democrático, naturalmente, há 'lobbies' de oposição e de governo, eles organizam e organizam a informação com intenção de realçar os fracassos ou os méritos. 

Transformar o papel da oposição numa ameaça ao país é retornar, no mínimo, ao tempo das barricadas e revela o quanto muitos de nós continuamos despreparados para a democracia. 

25.12.11

conselho superior da magistratura judicial

Noticia o Semanário angolense que o CSMJ decidiu suspender o juiz Orlando Rodrigues de Lucas por abuso de autoridade e atividade comercial ilícita. 

É de festejar. Com passos desses é que se combate, mesmo, a corrupção.