9.2.12

Angola: oposição democrática procura-se

Para haver democracia é preciso que os partidos políticos assegurem o ambiente democrático. Na verdade, para pouco mais servem se um governante souber absorver uma equipa nacional e consensual. 


Para isso é necessário que os partidos políticos cultivem, por dentro, o exercício da democracia. 


O que temos visto, ultimamente, é o contrário. Ainda ontem, quando a ala Lucas Ngonda, da FNLA, foi procurar uma casa para arrendar num bairro de Mbanza Congo (o 4 de Fevereiro!) onde a ala oposta é maioritária, a expedição resultou numa grande pancadaria. 


O caso é mais sério do que tem parecido aos jornalistas. É um indicativo de que as massas que apoiam Ngola Kabangu (e provavelmente as que apoiam os outros líderes), as próprias massas estão dominadas por sentimentos, convicções, ambições e práticas anti-democráticas. Portanto, não é dali que virão exemplos de democracia que nos mostrem uma alternativa séria ao MPLA. 


Dentro da UNITA, com um pouco mais de charme, Samakuva e os seus mais próximos andam sobre as mesmas águas. A pouco e pouco vão-se afastando as opiniões divergentes e é estranho que esse comportamento comum se generalize a várias tendências internas sem que haja um motivo interno para tal. De maneira que a própria UNITA vem perdendo o prestígio democrático anterior, quando fez Congressos a sério, com oposição propriamente dita e em ambiente de inteiro à-vontade. 


Uma coisa podemos concluir: é que, de facto, os partidos históricos de Angola não constituem alternativa entre si, nem alternativa ao MPLA. Cada vez menos uma verdadeira oposição passa por eles. A saúde da democracia angolana passa, portanto, por encontrar alternativas aos velhos partidos. E esse processo é preferível que seja lento para ser calmo e sólido. 

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