27.10.14

Eleições no Brasil


Ser reeleita, no segundo turno, com quase metade dos votos não foi nenhuma façanha para Dilma Rousseff. Nem para Aécio Neves a derrota foi propriamente consoladora. O empate técnico registado até ao fim, somado à abstenção muito elevada para uma eleição presidencial no Brasil, demonstram que os brasileiros e brasileiras tiveram dificuldade em se rever nos candidatos mais votados.

O sinal mais interessante, a meu ver, que vem daí e de uma primeira análise das eleições para Governador em segundo turno, é o da procura de estabilidade por parte do eleitorado. Um país com muitos partidos representados nas estruturas de poder vem, eleição a eleição, reduzindo o espectro de partidos viáveis e apostando cada vez mais em três ou quatro grandes agremiações, que formam essencialmente (e episodicamente, conforme os casos) dois blocos: um em torno do PT, o outro em torno do PSDB. 

Repare-se na nítida tendência para reeleger governadores, bem como no facto de a maioria deles ser ou do PSDB, ou do PMDB - tendo aí sofrido uma pesada derrota o PT, que venceu exceções tal como o PSB. E são sobretudo estes os quatro partidos que ficam. 

De forma geral, nas eleições para Governador, o PSDB ficou muito bem e o PMDB em segundo lugar. O que é também sintomático: 

1) dos erros de campanha e dos pontos fracos do candidato Aécio, que mesmo assim lutou muito para rebater pesquisas que o davam como necessariamente perdedor, por margem maior, para Dilma;

2) da vontade de mudança, mas de uma mudança com estabilidade e continuidade das políticas positivas (como aconteceu na transição de Fernando Henrique para Lula).

Essa lenta consolidação e concentração do sistema partidário brasileiro, de que faz parte uma inclinação para mudanças graduais e construtivas, é o melhor recado que o eleitorado brasileiro podia dar aos mercados e à comunidade internacional. - claro, também aos seus políticos.


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