Se é que vocês me entendem, este é o maior perigo para a África subsahariana num futuro próximo: o do tribalismo. Digamo-lo com todas as letras e sem rodeios.
Conforme os projetos nacionais vindos da luta pela independência falham;
conforme o inimigo deixa de ser comum (o colonialismo);
com a subsequente falha da própria constituição do Estado (porque fundado em projetos nacionais utópicos);
o que regressa é a identidade étnica, suas fronteiras indefinidas e suas querelas milenares ou, pelo menos, seculares.
As elites urbanas e transétnicas vão se resumindo a quase nada, perdem qualquer peso, ou influência, fora do círculo restrito em que existem. As antigas chefias reconstroem-se com o vigor de outros tempos, embora inseridas em novas dinâmicas económicas que podem chegar a integrar tráficos de armas, pessoas e drogas (como parece ser o caso da Guiné-Bissau e de parte do Mali); os seus interesses chocam-se novamente e recomeçam os combates tribais, étnicos, ou melhor, das antigas nações, das antigas unidades políticas pré-europeias e hoje pós-europeias. O que virá daí? Territórios ingovernáveis? Novas unidades políticas? Novas estruturações transétnicas e tendencialmente imperiais? um sem fim de guerras civis ou regionais? Não sei. Mas não vai ser fácil nem, creio, bom.
Esta notícia tirei do Le Monde de hoje:
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