29.5.17

Anne Hidalgo demande l’annulation d’un festival réservé aux femmes noires



Tarde ou cedo isto iria acontecer: a frouxidão política dos 'corretos' permitiu e, mesmo, estimulou que o combate ao racismo se transformasse no combate contra os brancos e por um racismo 'positivo'; da mesma forma o combate ao 'eurocentrismo' se transformou na luta pela hegemonia fundamentalista dos vários 'tradicionalismos' - desde que não-europeus; o combate ao fanatismo religioso transformou-se num combate ao cristianismo europeu, como se as fogueiras das inquisições não estivessem acesas nos mais variados cantos do mundo. 



A pergunta que se põe, a meu ver: é legítimo que certos grupos queiram viver em separado, em apartheid, em segregação baseada na cor da pele associada a uma cultura, na vivência religiosa associada a uma cultura, ideologia, cor-de-pele? etc? Se é legítimo, então será legítimo também que os brancos criem o seu desenvolvimento separado e que todos fiquem definitivamente confinados aos territórios em que, neste momento, são maioritários. E não saiam de lá. De resto, parece-me que Hitler e Bin Laden, dois 'puros' sinistros, apontavam já para isso... 



O avanço da globalização provoca resiliências perturbadas, afetadas, de mentes em desequilíbrio e ruptura por dificuldades de adaptação a um mundo que não conseguem dominar como dominavam a família, a aldeia, a tribo, pequenas nações, etc. É compreensível, mas não admissível - ao menos para tantos que pensam como eu. 



É, porém, legítimo, com iniciativas como as que a autarquia parisiense quer impedir, é legítimo que os franceses 'de origem', 'nativos', 'autênticos', 'de sangue', 'puros' (são termos usados por africanos negros racistas, como por racistas de todo o mundo), reajam votando no FN ou, simplesmente, rejeitando os emigrantes e a sua 'integração'. Aliás, estes grupos não querem ser integrados, querem impor a sua cultura política segregacionista mesmo no país que os hospeda. 



Se, despudoradamente, em países africanos onde o racismo, por lei, é proibido, se diz que só pode ser nacional quem tenha, pelo menos, 'uma gota de sangue negro' (se não banto), então é natural que haja franceses a defender que, para se ser francês e viver em França, também se tenha que ter 'uma gota de sangue branco'. 



O pior é que o sangue é ...vermelho. Só se 'safam' os comunistas e os índios, que também têm o vermelho na pele! Salvo se, bem vistas as coisas, todos somos parentes de Khois e de Sans e de timorenses e de australianos... nativos! - que vieram de África, segundo parece como todos nós, que não somos 'negros' mas amarelos, vermelhos, castanhos de vários tons até ao creme claro da minha pele ...toda ela feita e curtida em África. 





Anne Hidalgo demande l’annulation d’un festival en partie réservé aux femmes noires:



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Governo federal brasileiro gasta R$ 107 bi só com subsídios



Ou seja: tanto na corrupção quanto nos gastos, este governo continua o anterior. Eram mesmo da mesma chapa! E, se foi lá posto para realizar reformas desagradáveis mas eventualmente necessárias, com tantos 'se não' a atuarem como camisa de forças (cada vez o rosto mais contraído nas fotos do presidente), as reformas também não avançam ou já avançam desfiguradas e o efeito pretendido com elas irá diminuir. 



Numa palavra: mais do mesmo, menos a componente ideológica para legitimar invasões de ministérios.



Na Folha:



Governo federal gasta R$ 107 bi só com subsídios - 29/05/2017 - Mercado - Folha de S.Paulo:



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18.5.17

Vários ministros brasileiros abandonam governo, Temer pode renunciar - PÚBLICO


Não renunciou. Desta vez. Mas vai a caminho...

Os juízes parecem estar a terminar o seu soneto com chave de ouro. O que se vai seguir?

Só o PT destoa. Não se entende que o Partido mais comprometido com a corrupção, cujo ícone histórico está igualmente denunciado por corrupção já em boa parte comprovada, não se compreende que vá promover manifestações e 'diretas já!' e outras iniciativas que visam reconduzir a sua máfia ao poder.

Toda essa classe política é mesmo para 'varrer', o momento para fazê-lo é agora e não podem ser os mãos sujas quem vai limpar as sobras do Carnaval.


Vários ministros brasileiros abandonam governo, Temer pode renunciar - PÚBLICO:



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17.5.17

Rússia - Putin disponível para entregar registos de conversa de Trump e Lavrov na Casa Branca

É claro que transcrições de conversas nada provam e é claro que Putin está a rir-se dos EUA. Em pouco tempo, Trump transformou o país mais poderoso do mundo numa palhaçada e arrastou-o para situações humilhantes. Até agora, falhou em tudo, incluindo na Coreia do Norte, mas agora foi pior: meteu o seu país a ridículo. É realmente uma pessoa sem condições para o cargo. 



Posto isto, volto a perguntar-me: 

1) o sistema eleitoral americano é demasiado imperfeito. Porque ninguém fala em mudá-lo, para que não mais sejam eleitos presidentes que perdem nos votos?

2) até que ponto se pode continuar a ignorar que um dos fundamentos destas democracias está profundamente errado, porque o povo não é sábio, deixa-se iludir e, muitas vezes, mesmo sabendo do perigo, deixa-se arrastar para ele por inércia, preguiça, ou moleza.



Não sei qual a solução, continuo à procura, mas a escolha dos governos e dos presidentes em função de maiorias abstratas não me parece boa. Teria, pelo menos, de se articular uma escolha universal e 1homem-1voto com escolhas setoriais e regionais, através de assembleias de representantes de classes, ou de organismos de classes e de assembleias municipais. 



O que nunca pode ser posto em causa, porém, é o direito à verdade e à liberdade. Sem eles ficamos ainda menos avisados. 



Rússia - Putin disponível para entregar registos de conversa de Trump e Lavrov na Casa Branca:



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11.5.17

EUA - Trump diz que ia despedir o ex-diretor do FBI "independentemente" das recomendações


Quanto mais fala pior fica. É próprio dos mentirosos. Mas a sua insegurança é sintomática. Deve estar mesmo comprometido a fundo com a Rússia de Putin. 



EUA - Trump diz que ia despedir o ex-diretor do FBI "independentemente" das recomendações

10.5.17

Demissão do diretor do FBI nos EUA



Trump e alguns republicanos continuam a sua 'limpeza'. Agora estão livres de investigações sobre os laços que os ligaram a Putin, acusações muito graves que, pelos vistos, se confirmavam. Neste contexto, o que avança é o autoritarismo do novo presidente, que mantém o complexo de não ter sido eleito por maioria nem num quadro estritamente legal (devido, precisamente, aos apoios de Putin).


No entanto, os democratas ficaram mal na história: primeiro, queriam eles que James Comey fosse embora, por ter puxado pela investigação sobre o uso oficial de contas privadas de e-mail por parte de Hillary. Depois rejubilaram quando o FBI prosseguiu na investigação sobre os apoios russos a Trump e já queriam, novamente, que se mantivesse o diretor. Fizeram algo muito parecido com o que fez o novo presidente, que primeiro disse que ia manter Comey e agora o demitiu. 


De resto, este novelo todo não se desenrola sem envolver o nome do casal Clinton. A única demissão de um diretor do FBI (prerrogativa presidencial) foi feita justamente por ...Bill Clinton. Nunca antes nenhum presidente se atrevera a usar essa prerrogativa, para não pôr em causa a imparcialidade da instituição, que assim constituía um dos pilares da democracia nos EUA. É certo que esse diretor estava envolvido em escândalos financeiros, mas havia talvez outra maneira de resolver o problema. Também é certo que os argumentos usados por Trump são falaciosos, pois invoca a necessidade de recuperar a confiança numa instituição cuja isenção é posta em causa, justamente, por esta demissão. Mas havia um precedente e os precedentes são fatais em política, porque, para o senso comum, se 'o outro' fez, é justo que 'eu' faça também.  



F.B.I. Director James Comey Is Fired by Trump - The New York Times:



Entretanto, tudo vai ficando cada vez mais claro. Lavrov recebe uma prenda à chegada. Era preciso agradecer:



Days Before He Was Fired, Comey Asked for Money for Russia Investigation - The New York Times:


E, já agora, em português, a comparação com Nixon que, realmente, nunca demitiu o diretor do FBI:


E, mesmo para terminar, o atual Presidente estadunidense reafirma que não tem negócios com a Rússia, que nunca recebeu dinheiro de lá, exceto há uns anos!, mas continua sem mostrar a documentação (principalmente a documentação fiscal) que permitiria verficar pelo menos uma parte do que diz.


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9.5.17

O triste fim de Simão Bolívar


Hoje (não só hoje, mas sobretudo depois do início do 'chavismo' na Venezuela), Simão Bolívar tornou-se um ícone de revolução nacionalista, libertária, socialista e mais alguns adjetivos. 

Na verdade, no seu tempo, ele foi um libertador e um opressor. 

A visão que tinha de uma América Latina unida e federada, parecendo de uma extraordinária grandeza (pela extensão territorial...), era a continuação de um sonho colonial, o de manter uma hegemonia hispanófona unindo colónias e nações dispersas e, mesmo, opostas. Tomá-lo, portanto, como símbolo do nacionalista e nativista que nele via Chávez é abusivo. É uma verdade que se ressentiu, em certos momentos, da sua condição de mestizo, mas a sua visão política das ex-colónias era a continuação de um sonho colonial (como, em África, o do "mapa cor-de-rosa"). O projeto da Gran Colômbia teve essa origem e foi modelado pela imitação dos EUA...

O seu percurso foi o de um caudillo militar e político, tendencialmente ditatorial, autocrata, eliminando ou neutralizando, sempre que possível, os que se opunham a ele e, sobretudo, quando se opunham em nome da liberdade. Foi, nesse aspeto, o pai dos ditadores latino-americanos, tanto de esquerda quanto de direita, tanto militares quanto civis. 

Parte da América Latina lhe deve um grande esforço no sentido da sua libertação, da independência face à Espanha. Mas, como aconteceria desde então até hoje, na América Latina tanto quanto em África e, mesmo, na maioria dos países asiáticos colonizados por europeus, o libertador imediatamente se tornou o opressor. O seu 'socialismo' tinha mais relação com a eliminação de possíveis concorrentes e opositores poderosos do que com as preocupações sociais com as condições de vida do povo. 

Por isso tudo, acabou isolado politicamente, num autêntico fiasco preparado sem querer pelo excesso de voluntarismo. Em 1828 houve um atentado contra ele, na sequência de se declarar ditador da Colômbia. A 8 de Maio de 1830, viu-se constrangido a abandonar Bogotá e planeou uma viagem à Europa como escape. Não uma viagem para alguma zona interiorana, para montanhas onde vivessem só 'nativos', por exemplo, mas uma viagem à Europa, talvez por se recordar de outra que lhe daria um grande empurrão (ideológico e de capital de prestígio) para ser quem foi. Porém, a viagem foi interrompida logo no início pela notícia do assassinato de Sucre, génio militar e político nascido na Venezuela, seu fidelíssimo aliado, que comandou a batalha decisiva para determinar o fim do domínio espanhol (Ayachucho, Perú, 1824) e foi o primeiro presidente da Bolívia. Sucre é um outro exemplo desta mescla de lideranças militares e políticas espanholas e crioulas a serviço de Espanha, descendendo de uma família patrícia dominante no tempo colonial. O seu pai foi militar de prestígio, na linha de outros antepassados, ao serviço da Coroa, mas tomou desde cedo o partido da independência, como o filho. Enquanto presidente da Bolívia teve, mais do que o seu capo, reais preocupações de modernização social e, portanto, alteração da rígida hierarquia dos tempos coloniais. Acabou derrotado por divergências internas e pela pressão militar dos peruanos que não queriam a independência da Bolívia. Retirou-se, casou-se com uma senhora da melhor sociedade da época e decidiu abandonar definitivamente a vida pública. Mas, quando Bolívar sofreu o atentado na sequência de se declarar Ditador de Colombia, voltou atrás e foi socorrer o chefe. Acabou defendendo um diálogo impossível, até ao ponto de propor que nenhum líder militar da libertação pudesse presidir a cada uma das futuras (ainda não para ele) nações. Os intentos fracassaram, muito por culpa da Venezuela, precisamente e, tendo dado conta de tudo em Bogotá, resolveu retirar-se para junto da esposa. Mas foi assassinado no caminho. 

Bolívar, derrotado e sozinho, tinha de partir, o que chegou a fazer. Interrompida a viagem, um Almirante espanhol o recolheu e manteve em sua casa até ele morrer, ainda 1830, com tuberculose. 

Esse foi o triste fim de Simão Bolívar, o primeiro dos ditadores latino-americanos.