18.5.17

Vários ministros brasileiros abandonam governo, Temer pode renunciar - PÚBLICO


Não renunciou. Desta vez. Mas vai a caminho...

Os juízes parecem estar a terminar o seu soneto com chave de ouro. O que se vai seguir?

Só o PT destoa. Não se entende que o Partido mais comprometido com a corrupção, cujo ícone histórico está igualmente denunciado por corrupção já em boa parte comprovada, não se compreende que vá promover manifestações e 'diretas já!' e outras iniciativas que visam reconduzir a sua máfia ao poder.

Toda essa classe política é mesmo para 'varrer', o momento para fazê-lo é agora e não podem ser os mãos sujas quem vai limpar as sobras do Carnaval.


Vários ministros brasileiros abandonam governo, Temer pode renunciar - PÚBLICO:



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17.5.17

Rússia - Putin disponível para entregar registos de conversa de Trump e Lavrov na Casa Branca

É claro que transcrições de conversas nada provam e é claro que Putin está a rir-se dos EUA. Em pouco tempo, Trump transformou o país mais poderoso do mundo numa palhaçada e arrastou-o para situações humilhantes. Até agora, falhou em tudo, incluindo na Coreia do Norte, mas agora foi pior: meteu o seu país a ridículo. É realmente uma pessoa sem condições para o cargo. 



Posto isto, volto a perguntar-me: 

1) o sistema eleitoral americano é demasiado imperfeito. Porque ninguém fala em mudá-lo, para que não mais sejam eleitos presidentes que perdem nos votos?

2) até que ponto se pode continuar a ignorar que um dos fundamentos destas democracias está profundamente errado, porque o povo não é sábio, deixa-se iludir e, muitas vezes, mesmo sabendo do perigo, deixa-se arrastar para ele por inércia, preguiça, ou moleza.



Não sei qual a solução, continuo à procura, mas a escolha dos governos e dos presidentes em função de maiorias abstratas não me parece boa. Teria, pelo menos, de se articular uma escolha universal e 1homem-1voto com escolhas setoriais e regionais, através de assembleias de representantes de classes, ou de organismos de classes e de assembleias municipais. 



O que nunca pode ser posto em causa, porém, é o direito à verdade e à liberdade. Sem eles ficamos ainda menos avisados. 



Rússia - Putin disponível para entregar registos de conversa de Trump e Lavrov na Casa Branca:



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11.5.17

EUA - Trump diz que ia despedir o ex-diretor do FBI "independentemente" das recomendações


Quanto mais fala pior fica. É próprio dos mentirosos. Mas a sua insegurança é sintomática. Deve estar mesmo comprometido a fundo com a Rússia de Putin. 



EUA - Trump diz que ia despedir o ex-diretor do FBI "independentemente" das recomendações

10.5.17

Demissão do diretor do FBI nos EUA



Trump e alguns republicanos continuam a sua 'limpeza'. Agora estão livres de investigações sobre os laços que os ligaram a Putin, acusações muito graves que, pelos vistos, se confirmavam. Neste contexto, o que avança é o autoritarismo do novo presidente, que mantém o complexo de não ter sido eleito por maioria nem num quadro estritamente legal (devido, precisamente, aos apoios de Putin).


No entanto, os democratas ficaram mal na história: primeiro, queriam eles que James Comey fosse embora, por ter puxado pela investigação sobre o uso oficial de contas privadas de e-mail por parte de Hillary. Depois rejubilaram quando o FBI prosseguiu na investigação sobre os apoios russos a Trump e já queriam, novamente, que se mantivesse o diretor. Fizeram algo muito parecido com o que fez o novo presidente, que primeiro disse que ia manter Comey e agora o demitiu. 


De resto, este novelo todo não se desenrola sem envolver o nome do casal Clinton. A única demissão de um diretor do FBI (prerrogativa presidencial) foi feita justamente por ...Bill Clinton. Nunca antes nenhum presidente se atrevera a usar essa prerrogativa, para não pôr em causa a imparcialidade da instituição, que assim constituía um dos pilares da democracia nos EUA. É certo que esse diretor estava envolvido em escândalos financeiros, mas havia talvez outra maneira de resolver o problema. Também é certo que os argumentos usados por Trump são falaciosos, pois invoca a necessidade de recuperar a confiança numa instituição cuja isenção é posta em causa, justamente, por esta demissão. Mas havia um precedente e os precedentes são fatais em política, porque, para o senso comum, se 'o outro' fez, é justo que 'eu' faça também.  



F.B.I. Director James Comey Is Fired by Trump - The New York Times:



Entretanto, tudo vai ficando cada vez mais claro. Lavrov recebe uma prenda à chegada. Era preciso agradecer:



Days Before He Was Fired, Comey Asked for Money for Russia Investigation - The New York Times:


E, já agora, em português, a comparação com Nixon que, realmente, nunca demitiu o diretor do FBI:


E, mesmo para terminar, o atual Presidente estadunidense reafirma que não tem negócios com a Rússia, que nunca recebeu dinheiro de lá, exceto há uns anos!, mas continua sem mostrar a documentação (principalmente a documentação fiscal) que permitiria verficar pelo menos uma parte do que diz.


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9.5.17

O triste fim de Simão Bolívar


Hoje (não só hoje, mas sobretudo depois do início do 'chavismo' na Venezuela), Simão Bolívar tornou-se um ícone de revolução nacionalista, libertária, socialista e mais alguns adjetivos. 

Na verdade, no seu tempo, ele foi um libertador e um opressor. 

A visão que tinha de uma América Latina unida e federada, parecendo de uma extraordinária grandeza (pela extensão territorial...), era a continuação de um sonho colonial, o de manter uma hegemonia hispanófona unindo colónias e nações dispersas e, mesmo, opostas. Tomá-lo, portanto, como símbolo do nacionalista e nativista que nele via Chávez é abusivo. É uma verdade que se ressentiu, em certos momentos, da sua condição de mestizo, mas a sua visão política das ex-colónias era a continuação de um sonho colonial (como, em África, o do "mapa cor-de-rosa"). O projeto da Gran Colômbia teve essa origem e foi modelado pela imitação dos EUA...

O seu percurso foi o de um caudillo militar e político, tendencialmente ditatorial, autocrata, eliminando ou neutralizando, sempre que possível, os que se opunham a ele e, sobretudo, quando se opunham em nome da liberdade. Foi, nesse aspeto, o pai dos ditadores latino-americanos, tanto de esquerda quanto de direita, tanto militares quanto civis. 

Parte da América Latina lhe deve um grande esforço no sentido da sua libertação, da independência face à Espanha. Mas, como aconteceria desde então até hoje, na América Latina tanto quanto em África e, mesmo, na maioria dos países asiáticos colonizados por europeus, o libertador imediatamente se tornou o opressor. O seu 'socialismo' tinha mais relação com a eliminação de possíveis concorrentes e opositores poderosos do que com as preocupações sociais com as condições de vida do povo. 

Por isso tudo, acabou isolado politicamente, num autêntico fiasco preparado sem querer pelo excesso de voluntarismo. Em 1828 houve um atentado contra ele, na sequência de se declarar ditador da Colômbia. A 8 de Maio de 1830, viu-se constrangido a abandonar Bogotá e planeou uma viagem à Europa como escape. Não uma viagem para alguma zona interiorana, para montanhas onde vivessem só 'nativos', por exemplo, mas uma viagem à Europa, talvez por se recordar de outra que lhe daria um grande empurrão (ideológico e de capital de prestígio) para ser quem foi. Porém, a viagem foi interrompida logo no início pela notícia do assassinato de Sucre, génio militar e político nascido na Venezuela, seu fidelíssimo aliado, que comandou a batalha decisiva para determinar o fim do domínio espanhol (Ayachucho, Perú, 1824) e foi o primeiro presidente da Bolívia. Sucre é um outro exemplo desta mescla de lideranças militares e políticas espanholas e crioulas a serviço de Espanha, descendendo de uma família patrícia dominante no tempo colonial. O seu pai foi militar de prestígio, na linha de outros antepassados, ao serviço da Coroa, mas tomou desde cedo o partido da independência, como o filho. Enquanto presidente da Bolívia teve, mais do que o seu capo, reais preocupações de modernização social e, portanto, alteração da rígida hierarquia dos tempos coloniais. Acabou derrotado por divergências internas e pela pressão militar dos peruanos que não queriam a independência da Bolívia. Retirou-se, casou-se com uma senhora da melhor sociedade da época e decidiu abandonar definitivamente a vida pública. Mas, quando Bolívar sofreu o atentado na sequência de se declarar Ditador de Colombia, voltou atrás e foi socorrer o chefe. Acabou defendendo um diálogo impossível, até ao ponto de propor que nenhum líder militar da libertação pudesse presidir a cada uma das futuras (ainda não para ele) nações. Os intentos fracassaram, muito por culpa da Venezuela, precisamente e, tendo dado conta de tudo em Bogotá, resolveu retirar-se para junto da esposa. Mas foi assassinado no caminho. 

Bolívar, derrotado e sozinho, tinha de partir, o que chegou a fazer. Interrompida a viagem, um Almirante espanhol o recolheu e manteve em sua casa até ele morrer, ainda 1830, com tuberculose. 

Esse foi o triste fim de Simão Bolívar, o primeiro dos ditadores latino-americanos.

 





5.5.17

Eleições francesas

Marine Le Pen, como Donald Trump, não é nem nacionalista, nem patriótica, muito menos de 'extrema-direita' ou, ainda menos, de uma linha católica da 'extrema-direita'. O seu perfil e o seu comportamento não demonstram isso: aceita os dinheiros de Putin, imita Donald Trump e o pretende imitar o 'brexit' usando igualmente a formação da palavra inglesa, não respeita a personalidade e a propriedade intelectuais, entra em esquemas típicos da partidocracia para financiar-se. Para além disso, é uma líder de arruaça, sem qualquer preparação para governar, sem experiência política, administrativa ou de gestão, sem conhecimento suficiente dos principais problemas e dossiers - mesmo os que sempre aborda, como o da emigração. Como diz o Libération, feroz por fora e fraca por dentro.

Marine Le Pen é o tipo de candidato que Putin prefere e, como se vê pelos EUA, ele acertou: enquanto Trump aprende, com trapalhada atrás de trapalhada, o que implica ser presidente, a Rússia e a China somam pontos interna e externamente, sobretudo no exterior, onde mais falta lhes faz e jeito lhes dá, porque o interior está controlado.

Putin e Erdogan são ditadores que se preocupam, pelo menos, em consolidar uma imagem de competência (competência total no controlo da sociedade, competência política suficiente, prudência económica ainda que sacrificada à criação e manutenção de espaços vitais), assentam a sua legitimação sobre discursos firmes, irredutíveis e seguros sem se radicalizarem (sobretudo Putin, o mestre dos novos ditadores, evitando competentemente os exageros discursivos infantis de Erdogan quando comicia entre os seus). Associam ao perfil público de competência e de segurança, o respeito pela propriedade, que é fundamental para afastar temores comuns e justificados da mais persistente das características do homem social: a ambição. Isso os põe, também, de acordo com tradições que, no fundo, não respeitam (mostrá-lo-ão se elas puserem em causa o seu poder), mas para as quais a propriedade é uma extensão natural e social da personalidade.

Le Pen e Trump são candidatos fracos quanto às suas competências, com aproveitamentos abusivos da sua posição política e da política de subsídios (caso de Le Pen), ou envolvimentos em falências fraudulentas e fugas aos impostos (caso de Trump), ambos imorais apesar de se firmarem sobre um mercado eleitoral que privilegia, aparentemente, a moralidade, ambos fáceis de manipular sob ameaças de revelações fatais. O que lhes importa é chegar ao poder de qualquer maneira e manterem-se no poder custe o que custar, pelo resto não nutrem o menor respeito (veja-se o caso do plágio de Le Pen: se ser de direita e católica é defender a pessoa sobre a sociedade, o pessoal sobre o coletivo e o individual, como pode, não só plagiar, apropriar-se indevidamente do discurso de outro, mas admitir a si própria não serem suas palavras as que dirige ao seu eleitorado?).

A que se deve a ascensão destes simulacros de políticos nacionalistas? A presente situação francesa deriva de anos de irresponsabilidade e de insensibilidade políticas, cujo máximo foi atingido pelo ainda presidente, que só tinha 10% das intenções de voto caso se candidatasse. Há muitos anos, depois do último grande sucesso do Front national e do seu chefe Jean-Marie, a partidocracia francesa redistribuiu o mapa eleitoral de forma a partir em dois (ou mais) cada círculo que tivesse votado maioritariamente em Le Pen e no FN. Isso criou-lhes uma sensação de segurança, confiança, calma e os primeiros resultados depois da nova divisão administrativa confirmaram-na. O que foi feito desde então para resolver os problemas, sobretudo os problemas dos mais desfavorecidos, que os fizeram votar FN e Le Pen? O problema da emigração, o da segurança e o do emprego - o trio que mais votos traz a Marine e ao FN - não só não se resolveram como também aumentaram e os políticos habituais, embora inscrevessem o tema nos seus discursos, em muito pouco revelaram maior sensibilidade ao problema e às queixas da população, seus temores e dissabores relacionados com uma imigração excessiva, descontrolada ou de controlos subvertidos, o desemprego com o qual ela é relacionada e questões adjacentes mas importantes, como a da segurança social e a da saúde pública (o aumento dos seus cargos é visto como resultante da facilidade com que os imigrantes acedem aos seus benefícios e à própria nacionalidade), o aumento da idade para a reforma (que seria também consequência do aumento de reformados por causa da imigração), a própria identidade francesa (pois, ao conceder tão facilmente a nacionalidade se daria a pessoas mal integradas o direito de participarem da definição de uma identidade na qual não se integraram). Tão pouco a segurança foi afinada ao ponto a que tem de ser, e melhorada, antes dos grandes atentados de que a França foi vítima (perpetrados, em quase todos os casos, por cidadão franceses e europeus - pelo que a política de expulsão de Le Pen, como a de Trump nos EUA, não evitaria qualquer perigo).

É desta contínua insensibilidade de políticos abastados e contentes com o seu bem-estar, em muito baseado no aproveitamento máximo de recursos (nem sempre legítimos) que o Estado lhes faculta, é contra tal insensibilidade aos seus problemas diários, crónicos e mais agudos que se farta uma grossa fatia da população, dirigindo os seus votos para o FN, como nos EUA com Trump. E não será mera coincidência que a maioria das ações de campanha do demagogo Mélenchon não tenham dado a devida atenção aos subúrbios, aos bairros pobres e aos operários. Como a campanha de Bernie Sanders nos EUA, a de Mélenchon não tem o seu principal sustentáculo no setor social onde pretensamente assenta a sua legitimação retórica e ideológica: 'pobres' em geral, desprotegidos, desempregados, operariado. São bem mais importantes pessoas de alguma forma integradas na média burguesia (e alguns filhos de outra já não tão média), muitos órfãos do radicalismo esquerdista dos anos 60-70 e do Maio de 1968 com seus filhinhos bem nutridos e uma infinidade de pequenos grupos afins. O operariado, os desempregados e um estrito setor radical da elite francesa  (de Bardot a Tapie), incluindo muitas aquisições recentes, essa amálgama paradoxal é que faz, até hoje, a base principal do apoio do FN. Por um motivo simples e que se prende com a estratégia retórica seguida: privilegiar no discurso político os temas que os políticos 'corretos' evitam tratar com frontalidade e, simultaneamente, jogar com soluções simples, eficazes na aparência, mesmo que não resistam a mais do que uma breve e distraída conversa de café.

Sendo este o cenário, facilmente um bom aluno como Macron mostraria a sua superioridade perante uma guerrilheira de RGA's e shows de café como Marine Le Pen. Por imprudência, inexperiência partidária, no princípio da segunda volta fiava-se demais na vitória, mas retornou à realidade e respondeu razoavelmente. Marine ficou 'desmontada', 'desconstruída' e não tinha capacidade para reagir à marcação cerrada do seu adversário.

O problema maior agora, para o futuro da França, não é se Macron ganha e a elite anafada, bem comportadinha, continua a alienar-se com o seu bem-estar artifical e separado do resto da sociedade. Parece bastante provável que Macron vença, apesar das irresponsabilidade de Mélenchon e de alguns setores de Os Republicanos que sofrem de amnésia histórica.

O problema que se põe, como levanta e muito bem o artigo abaixo (seguir hiperligação), o problema sério e difícil é o da governação posterior a tal vitória. O controlo da governação ficará nas mãos dos mesmos partidos que falharam todos estes anos e não conseguiram renovar-se com sucesso. Macron terá, por limitação constitucional, de submeter-se às velhas estratégias partidárias e de satisfazer o seu bem-estar de sanguessuga, não incomodar e muito menos exterminando a sua insensibilidade característica. Os problemas continuarão a avolumar-se. E, mais uma vez, é bastante provável que única força que saiba encarnar retoricamente as queixas da população desfavorecida pelo sistema continue a ser o Front national. Se este, por sua vez, souber organizar a sucessão de Marine...

The Trouble for France's Next President | Foreign Affairs:

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1.5.17

para que serviu o 1.º de maio em Cuba


1961.05.01: 
No seu discurso do 1.º de Maio, Fidel Castro anunciava que não haveria mais eleições em Cuba. Os trabalhadores estavam livres.