26.3.12

senegal e mali

É de assinalar a diferença entre o Senegal e o Mali, dois países que se chegaram a pensar juntos dentro de uma grande federação - projecto que a realidade mostrou ser pouco ... realista: foi criada em 1959 (com Senghor como Presidente da Assembleia) e logo nesse ano sofreu a separação de dois dos países fundadores: Daomé (Benin) e Alto Volta (Burkina Faso).


Ainda bem para o Senegal. Apesar da sua deriva autoritária, Abdulaye Wade reconheceu a derrota nas eleições de Domingo e felicitou o candidato vitorioso. O Senegal, mal governado nos últimos tempos e com uma economia doente, deu uma lição de democracia a África e ao mundo. 


Já no Mali prolongam-se velhos males. Um presidente quer mandar soldados combater sem lhes dar condições de vitória. Os soldados revoltam-se mas, em vez de exigirem condições para combater, tomam o poder, anulam literalmente todas as instituições e a Constituição, sem nenhum projecto político, sem nenhuma estratégia para o país. Resultado: continuam sem condições para combater os rebeldes no Norte e também não têm condições para manter o poder. Mais uns anos de atraso num péssimo país para viver. 


E, já agora, vai sendo tempo de pensar nos berberes e nos touaregues. São povos original e tendencialmente nómadas. Os povos sedentários fixaram territórios, posses e fronteiras. Os nómadas ficaram assim sem terra, porque deixaram de poder transitar como faziam. Acabaram reduzindo ao longo deserto que ninguém mais queria. Mas mesmo aí foram colocadas fronteiras e posses. A pátria dos nómadas é o vento e o caminho. Se lhes fecham os caminhos e lhes dão ar condicionado, em desespero de causa eles só podem pegar nas armas. 

tpa brilha no escuro

Quando os canais de informação do mundo inteiro noticiavam que o próprio Wade, no Senegal, tinha reconhecido a sua derrota nas presidenciais, a TPA informava-nos que a campanha tinha sido tensa, que o candidato da oposição reunia muito consenso à sua volta e isso podia tornar difícil a reeleição de Wade. Mais nada. 


Afinal, para que serve o noticiário internacional da TPA?

19.3.12

digno

... e um exemplo de espírito democrático o artigo escrito por Sousa Jamba sobre a 'dissidência' inteligente de Chivukuvuku e a criação da CASA. Um artigo que mostra, pelo seu fairplay (pela sua sabedoria também) como num país democrático não precisamos de organizar grupos de agressão. 

17.3.12

democracias lusófonas

Retransmito:



Cabo Verde passa Portugal no índice do Economist Intelligence
por Lusa

 
Cabo Verde é o país lusófono mais democrático, tendo ultrapassado Portugal no último ano, revela o Índice da Democracia 2011,
 do Economist Intelligence Unit, que coloca Angola e Guiné-Bissau entre os piores.

O índice, realizado pelo serviço de investigação da revista "The Economist", vai na quarta edição e avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, colocando-os em quatro categorias: democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários. 

Segundo o relatório, Cabo Verde é o 26.º país mais democrático e o primeiro na categoria das democracias com falhas, sendo seguido de Portugal. 
Os dois países trocaram de posição, já que em 2010 Portugal era o 26.º e Cabo Verde o 27.º.
 
Num total de 10 pontos possíveis, Cabo Verde obtém 7,92 (menos duas décimas do que em 2010), o que resulta de uma avaliação baseada em cinco critérios: 
processo eleitoral e pluralismo (9,17 pontos), funcionamento do governo (7,86), participação política (7,22), cultura política (6,25) e liberdades civis (9,12). 

Cabo Verde é referido como um dos seis países da região da África subsaariana onde as eleições são consideradas livres e justas, juntamente com o Botswana, o Gana, as Maurícias, a África do Sul e a Zâmbia. 

Entre as democracias com falhas surgem ainda Timor-Leste, que se manteve no 42.º lugar, e o Brasil, que desceu da 47.ª para a 45.ª posição, ex-eaquo com a Polónia. 

Timor-Leste teve uma classificação global de 7,22 (igual a 2010), com 8,67 no processo eleitoral e pluralismo, 6,79 no funcionamento do governo, 5,56 na participação política, 6,88 na cultura política e 8,24 nas liberdades civis.
Já o Brasil teve 7,12 (igual a 2010) de classificação geral, com 9,58 no processo eleitoral, 7,50 no funcionamento do governo, 5,00 na participação política, 4,38 na cultura política e 9,12 nas liberdades civis.
Moçambique, que desceu do 99.º para o 100.º lugar em 2011, é o único país lusófono entre os regimes híbridos e obteve um total de 4,90 pontos (igual a 2010), distribuídos entre o processo eleitoral (4,83), funcionamento do governo (4,64), participação política (5,56), cultura política (5,63) e liberdades civis (3,82). 

Entre os países classificados como sendo regimes autoritários surgem Angola, que desceu do 131.º para o 133.º lugar, e a Guiné-Bissau, que se manteve no 157.º. 

O processo eleitoral e pluralismo angolanos obtiveram 1,33 pontos, o funcionamento do governo 3,21, a participação política 4,44, a cultura política 4,38 e as libertades civis 3,24, o que resulta numa classificação global de 3,32, igual à do ano passado.
Angola é ainda um dos 40 países que registaram uma deterioração da liberdade de imprensa, revela o relatório. 

Com um total de 1,99 pontos (igual a 2010), a Guiné-Bissau recebeu uma classificação de 2,08 no processo eleitoral, 0.00 no funcionamento do governo, 2,78 na participação política, 1,88 na cultura política e 3,24 nas liberdades civis. 

O Índice da Democracia não refere São Tomé e Príncipe. 

Cabo Verde é, ao mesmo tempo, dos países africanos que mais consistentemente vem melhorando o desempenho económico, desenvolvendo o equilíbrio social e nas contas públicas e o controlo da corrupção. 


Mais uma vez se verifica esta associação entre índice de desenvolvimento democrático e os outros índices económicos e sociais. 

16.3.12

'os americanos' outra vez malucos...

Mais uma 'maldade' feita por um soldado 'americano' no Oriente islâmico. É mais ou menos assim que os acontecimentos são apresentados, incentivando a manipulação ideológica anti-'americana'. 

Claro que essa manipulação é normal, politicamente, no contexto que se vive por exemplo no Afeganistão e no mundo que o perturba. Mas é claro também que ninguém nos EUA tem interesse em que os soldados dos EUA pratiquem atos perversos e tresloucados seja onde for. A notícia desses atos evoca-me outras idênticas mas passadas dentro dos EUA, particularmente aqueles casos de cidadãos que são acometidos de qualquer impulso anormal e disparam sobre pessoas indefesas. 

É por aí que busco uma explicação: os 'americanos' estão doentes e o treino militar não é já suficiente para tratar o mal dos 'americanos': a mente pública perturbada, que se manifesta livremente há várias décadas no cinema por exemplo. 


Não há solução que passe pela repressão; proibir as pessoas de ver os filmes, ou realizadores de fazê-los, é uma patetice - como já várias vezes a história do mundo mostrou. Sabiamente os vários governos dos Estados Unidos não têm seguido por aí - ao contrário, por exemplo, da conhecida receita taliban.

Não sei qual é a solução mas, de facto, os EUA, se querem continuar as intervenções internacionais de acordo com a ONU, têm que escolher com muito mais rigor os seus soldados e apostar em unidades menos numerosas (mais eficazes também). 

O que implica não entrarem, se calhar, em tantos países. De nada serve um polícia estafado... 

13.3.12

paz, segurança e democracia

Porumtanto camaradas é paz, segurança e democracia. Significa dizer que se discordas do governo levas mas é já porrada. Eu próprio não disse isto. Ponto final.

11.3.12

apoios reais e demagogia



O governo decidiu dar apoios para pequenos negócios e pequenas empresas, por exemplo através da facilitação e gratuidade da constituição das empresas, do juro bonificado (2%) a 5 anos, da criação de unidades técnicas para apoio na burocracia da constituição das empresas, etc. 


O programa de apoio anunciado pelo PR, a concretizar-se, merece sem dúvida o aplauso da própria oposição. 


Já o mesmo não me parece do que habitualmente é muito elogiado: o programa de casas para todos. É um resquício de socialismo que traz todos os seus vícios: na prática, as casas vão ser distribuídas sob orientação de redes clientelares e o povo, na verdade, não precisa de casa. As pessoas fazem as suas casas mesmo na candonga. O que precisam é de terrenos e de infraestruturas. Se o governo, em vez de construir casas, legalizar a maioria dos terrenos ocupados e com casas contruídas (os que tenham condições de habitação), pode gastar o dinheiro da construção de casas a criar ruas, nem que seja de terra bem batida; a criar redes de abastecimento de água mais completas (não é uma torneira para milhares de pessoas); a criar redes de distribuição de energia elétrica; redes de esgotos e escoamento de águas pluviais. E, também, a fazer isso tudo funcionar (água, luz, esgotos, ruas). 


Um governo que não garante aos seus cidadãos água e luz e esgotos, faz sentido que vá gastar milhões a fazer casas para entregar a pessoas que as fazem sozinhas? Não. Nem estimula o desenvolvimento. O que estimula o desenvolvimento são programas como esse anunciado pelo PR: ajudar as pessoas a criarem a sua própria riqueza.